Home » A origem da Ponte Metálica de Santa Branca

A origem da Ponte Metálica de Santa Branca

Publicado em 17 de fevereiro de 2016

Dando início às reportagens sobre Santa Branca, nossa Cidade Presépio do Vale do Paraíba, vamos conhecer a história da tradicional Ponte Metálica, localizada próxima à entrada do município. Um patrimônio histórico cultural de enorme valia.

foto 3

Euclides da Cunha é um escritor memorável na literatura. A obra “Os Sertões”, presenteou a ele, uma cadeira cativa na Academia Brasileira de Letras. Afinal de contas, o livro dividido nos capítulos “A terra”, “O homem” e “A luta”, descrevem minuciosamente o ambiente da Revolta de Canudos, em pleno o sertão baiano nos anos de 1896 e 1897. No qual, no papel de jornalista e testemunha ocular dos fatos, Euclides foi enviado especial do jornal o Estado de São Paulo para acompanhar o movimento rebelde chefiado por Antônio Conselheiro.
O homem das letras era também engenheiro da superintendência de obras públicas do estado de São Paulo. E, em 1902, em meio à revisão final de sua obra prima, Euclides passou uma época no Vale do Paraíba, mais precisamente, na interiorana Santa Branca, construindo um monumental patrimônio histórico municipal, estadual e federal: a Ponte Metálica. “As pessoas não entendiam na época que quando ele não estava na obra, ele estava com os papeis até altas horas da madrugada à luz de lampião revisando Os Sertões”, conta Sarkis Ramos Alwan, historiador da cidade.
Os documentos do acervo municipal de Santa Branca, contam que a travessia do Rio do Paraíba e a ligação até o município de Jacareí, foram uns dos grandes desafios enfrentados pela população local, desde o início da ocupação do território, no século XVII. Assim, a partir da lei estatal de n°337, foi autorizada a construção de uma ponte metálica sobre a estrutura de pedra e aço que ligava o município de Santa Branca ao de Jacareí, que foi inaugurada no dia 15 de novembro de 1902.
A Ponte Metálica foi a ligação dos santabranquenses até 1983, quando foi construída ao lado, uma ponte de concreto, que hoje, é atual estrada da cidade, situada na rodovia Nilo Máximo, a 4 km da sede municipal. Marília Melleiro Lopes de Campos relembra que a construção da ponte de concreto facilitou o cotidiano dos munícipes. “Quando foi construída a ponte de concreto, sentimos um sentimento de progresso. Nós sabíamos que a partir de então, melhoraria locomoção para Jacareí. Ao passar pela ponte, era um veículo de cada vez, as tábuas faziam muito barulho e como eu tinha acabado de tirar a carta de motorista, morria de medo de escorregar”, relembra a aposentada.
Devido aos anos, a Ponte Metálica foi cultivando um péssimo estado de conservação dado ao total abandono dos órgãos competentes estaduais. Há ofícios de 1985 a 2003, solicitando ao Estado e ao DER – Departamento de Estradas e Rodagem de São Paulo, parcerias com empresas privadas para a restauração e conservação. Em 1998, o IEV – Instituto de Estudos Valeparaibanos chegou até a pedir o tombamento da ponte devido ao estado de descaso. Porém, tanto para a conservação ou para o tombamento, não houve retorno. “Tanto a sociedade civil como as autoridades constituídas dos dois municípios de Santa Branca e Jacareí vem reivindicando ao longo de décadas a manutenção da ponte. Mas, não consegue achar eco a essa reivindicação e a ponte está cada vez mais se decaindo. A questão de preservação do patrimônio ainda está muito longe no nosso país”, afirma o historiador.
Hoje, a Ponte Metálica mesmo com as visíveis marcas do descuido, continua a enfeitar o cenário daqueles que a observam e ressuscita lembranças dos que desfrutaram a utilidade desse rico patrimônio histórico. “É lamentável que uma ponte que serviu tantos anos para a cidade e que foi construída por um ilustre engenheiro com grande passagem significativa no país, tenha caído no descaso”, comenta Sarkis com ar nostálgico. O historiador torce por uma futura preservação da Ponte Metálica e reconhece a importância do patrimônio. “A preservação desse patrimônio histórico seria importante não só para a memória concreta do município. Mas, ajudaria no turismo de Santa Branca levando aos seus visitantes a história e cultura de nossa cidade”, finaliza.

foto2

 Texto: Natalee Neco

  1. Silvana Machado disse:

    Parabéns Natalee pelo belíssimo texto.

    Triste, ver nossa história se perdendo desta maneira.

    Já enviei várias vezes no face dos deputados André do Prado e Márcio Alvino, para ajudarmos c a restauração da mesma, tendo em vista que uma outra cidade, a qual TB tem uma ponte construída por Euclides da Cunha, foi restaurada e reaberta.

    Vou encaminhar o seu texto pro email deles. E vamos aí continuar tentando essa restauração, pois esperança sempre temos.

  2. Jose Assis disse:

    Passei inúmeras vezes por esta ponte, quando minha família trabalhava nas colheitas de laranjas, na Chácara Jacira, década de 50 e 60!. Recentemente , através da escritora e amiga Ludmila Saharosvki, e agora através do linda postagem de Natalee Neco, vejo , com tristeza, o estado em que se encontra a linda ponte, que atravessávamos para comprar víveres no armazém do Sr. Manoel Rocha!. Que saudade!

  3. Abilio Junior disse:

    Parabéns à jornalista Natalee Neco pela excelente matéria e por nos dar a oportunidade de conhecer mais sobre a rica história do Vale.

  4. Renata Fernandes disse:

    Lindo texto. Parabéns!

  5. Abraão Leite Sampaio disse:

    Natalee Neco, ficamos orgulhosos quando deparamos com uma jovem nos presenteando com um texto instrutivo como este.

  6. Ayres Marchezoni disse:

    Lembro muito bem, na década de 1970, gostava de pescar lambari,eu e minha esposa, embaixo dessa ponte! Quando passava os ônibus que fazia a linha de Jacareí a Santa Branca, fazia um barulhão e espantava os peixes!!! Saudades dessa época!!!

  7. Renato Ignácio Medeiros disse:

    Ótimo texto! Quando minha família morou em São José dos Campos (no bairro Jardim das Indústrias) desde o início da década de 80 até final dos anos 90, meu pai soube de um restaurante na beira do rio Paraíba do Sul que servia deliciosos Espeto de Pintado (na brasa com cebola e tomate acompanhado de arroz à la grega, fritas e molho tártaro) que pelo menos uma vez por mês nos fds a gente ia de carro – meu pai sempre teve Opala – de SJC até este restaurante chamado River’s.
    Após a barriga cheia e satisfeitos a ponte antiga era a primeira atração. Ainda tinha o piso de madeira e podia se aventurar passar por ela. Nostalgia pura. Ao ler o texto fica mais uma tristeza causado pelo descaso dos nosso políticos q só estão nos seus cargos em benefício próprio e n pelo país.
    Minha sugestão eh a iniciativa privada onde patrocinadores adotassem a ponte para a restauração ou pelo menos a conservação antes q n sobre mais nada além dos pilares.

  8. maria judith antunes lacaz eckstein disse:

    Cara Natali Neco
    Apreciei bastante seu artigo sobre a ponte metálica de Santa Branca à Jacareí no Vale do Paraiba do Sul.Euclides da Cunha também esteve à frente da obra de outra ponte metálica em Guaratinguetá. A ponte de Guaratinguetá não teve manutenção e caiu. Você pode me informar de onde vinham as peças metálicas para serem montadas nestes vãos sobre o rio Paraíba? Neste mesmo periodo, no Ceara, a Companhia Inglesa – South American Railway Construction Company Limited construiu uma ponte com outro engenheiro.
    meu e-mail é:
    judithlacazeckstein3@gmail.com
    atenciosamente