Disciplina financeira, ou você tem, ou você tem!

Quando abordamos o assunto disciplina financeira, logo vem a sua mente a seguinte indagação “La vem mais um chato falar que eu devo guardar dinheiro e montar aquelas planilhas chatas de controle financeiro que nunca funcionam”. Pois bem, é exatamente esse o intuito desse artigo. Na segunda metade da década passada, os cidadãos norte americanos tiveram uma facilidade extraordinária em obter créditos e financiamentos, só se esqueceram da se fazer uma pergunta fundamental quando se toma essa iniciativa “será que eu poderei pagar por isso?”.
Na época bancos aprovavam créditos para a compra da casa própria, do carro novo, dos moveis novos, daquela tão sonhada casa na praia ou mesmo fazer aquela viagem da sua vida e até mesmo para fazer uma cirurgia plástica, enfim existia crédito com facilidade para tudo, porem com o passar dos meses, o governo para poder controlar a inflação teve de subir os juros, com isso o crédito ficou escasso e a possibilidade de honrar com as obrigações antes feitas com facilidade ficou cada vez mais difícil e em alguns casos insustentável. Resultado de tudo isso foi à crise econômica mundial de 2008, estourada pela inadimplência elevada da população.
No Brasil estamos passando por um momento critico delicado aos olhos econômicos porem poucos tem essa mesma visão. Segundo um levantamento feito pela Serasa Expirian, Quando são avaliadas as dívidas atrasadas há mais de 90 dias e com valores acima de R$ 200,00, os inadimplentes totalizam 35 milhões de pessoas, o equivalente a 24,5% da população do País, ou quase um quarto da população do Brasil esta inadimplente com o crédito contratado. Isso é um dado alarmante, pois quando do estouro da crise de 2008 nosso pais teve recorde em cessões de crédito, em um caso mais especifico no setor imobiliário e de la para cá não parou de crescer, exceto nos últimos meses. Com a taxa de juros mais alta do planeta, o Brasil vem enfrentando um cenário de recessão de credito, com o dinheiro cada vez mais escasso, as pessoas param de gastar, gastando menos, as indústrias deixam de faturar, deixando de faturar, resta demitir funcionários, e é nesse ponto que chegamos ao fim da cadeia econômica pessoal, pois sem o salário no final do mês, só resta a incerteza de como serão os próximos meses de sua vida.
Agora, imagine se durante o período que você esteve inserido no mercado de trabalho, poupasse uma parte de sua arrecadação a um determinado rendimento mensal, por menor que fosse esse rendimento ele crescesse mês a mês, e você tivesse a oportunidade de não gastar dinheiro com coisas que não houvesse necessidade naquele momento e poupasse cada centavo, desse o valor ao dinheiro que com tanto suor e trabalho você foi remunerado? Com certeza isso não é simples de imaginar, criar esse comportamento então é uma missão quase impossível, porem quase impossível.
O Comportamento da disciplina financeira vem de berço, a criança já cresce escutando os pais dizendo que nunca tem dinheiro, certamente você já pediu varias coisas a seus pais, e por varias vezes eles disseram que não tinham dinheiro. Essa negativa vai ficando no inconsciente da criança, onde ela cresce com o pensamento de que dinheiro foi feito para gastar e não poupar, chegando à fase adulta da mesma forma que os pais, nunca tendo dinheiro para nada, e assim vai de geração em geração. A Educação financeira vem da base familiar, toda família tem de ter um comportamento consistente quando o assunto é DINHEIRO, não basta apenas querer guardar dinheiro para um projeto, a questão é fazer o projeto e ter recursos para banca-lo, a questão é poupar e não guardar, só que para isso, você precisa ter gastos que caibam dentro do orçamento e que ainda sobre certa quantia para você poupar.
Passou um filme na sua cabeça? Eu só espero que esse momento ainda não seja tarde para você, e não espere pelo pior, porque se esse momento chegar, pelo menos você estará preparado para enfrentar o período de dificuldade e ainda educar seus filhos da forma que você deveria ter sido educado.

Texto:Rodrigo Inocêncio de Almeida, Consultor de finanças pessoais e Investimentos

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