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Com drama e humor, peça ‘A Ira do Afeto’ debate a saúde mental das mulheres no dia 24 de maio no Sesc São José dos Campos

Publicado em 7 de maio de 2025

 

 

 

Débora Veneziani leva ao palco a história de uma palhaça de comportamentos extremos, questionando os limites da normalidade

Artista, que volta à cidade natal, também comanda no dia 25 a oficina ‘Pontos de Vista sobre o Humor’, na qual estimula uma reflexão crítica e criativa sobre o papel do humor na sociedade contemporânea

A multiartista Débora Veneziani queria amar e ser amada, mas se viu soterrada por julgamentos e comportamentos extremos – dela e de outros. Insegura? Culpada? Louca?

Foi buscando respostas que a atriz idealizou “A Ira do Afeto”, espetáculo que vem lotando teatros desde que entrou em cartaz em São Paulo, debatendo temas como a saúde mental e as pressões sociais impostas às mulheres. A peça, agora, é atração no auditório do Sesc São José dos Campos, no dia 24 de maio, às 20h.

No palco, Débora volta à sua cidade natal para mostrar de forma intensa como uma palhaça se relaciona com o mundo e as pessoas, mantendo comportamentos extremos e assumindo todos os riscos possíveis para conseguir amar e ser amada.

No dia de seu julgamento imaginário, a palhaça Devora (papel de Débora) implora pela prisão como única forma de garantir sua segurança – e também a de todos à sua volta. Equilibrando-se no limite entre sua sensação interna e a realidade, a palhaça convida o júri/público a mergulhar na luz e nas trevas do afeto sob sua ótica.

O espetáculo trata com pitadas de humor questões como abandono, saúde mental e abusos psicológicos, vividos principalmente por mulheres, questionando os limites da normalidade. Quebrando a quarta parede, a protagonista convida o público a experienciar uma montanha russa de sentimentos e sensações presentes na cabeça de uma pessoa neurodivergente.

Com uma equipe criativa composta exclusivamente por mulheres, a peça tem direção de Rafaela Azevedo, que também assina com Carla Zanini a dramaturgia, e trilha sonora de Dani Nega.

Autoficção

“A Ira do Afeto” é o segundo projeto solo autoral de Débora, que tem uma carreira de 17 anos como atriz, bailarina, coreógrafa e preparadora corporal. Depois de “Risco”, de 2018, no qual já aprofundava suas pesquisas sobre o feminino – no caso, com mulheres da mitologia –, a artista realiza em “A Ira do Afeto”, como gosta de definir, “uma autoficção”.

“A peça é sobre as minhas experiências, mas existe uma lente de aumento. Desde que me conheço por gente lido com a saúde mental. Aos seis anos, tive minha primeira epilepsia. Cresci passando por todo tipo de profissional para tentar identificar o que tinha. Também convivi com mulheres da minha família que passaram por situações ligadas à saúde mental”, afirma a artista, que nesse caminho recebeu diagnósticos de TDAH, bipolaridade, depressão, esquizofrenia e, mais recentemente, borderline.

“A peça me ajudou a elaborar tudo isso. Busquei, com as ferramentas da palhaçaria, falar dos aspectos do borderline”, diz.

Todos esses acontecimentos motivaram as pesquisas sobre saúde mental e gênero, que a fizeram conhecer os trabalhos da professora Valeska Zanello, que em uma pesquisa de mais de 20 anos estudou como as mulheres reagem a questões como maternidade, afeto, solidão, culpa e a obrigação de cuidar dos demais.

Junto com uma “pesquisa de campo” realizada por meio de sua página do Instagram, na qual incentivou as pessoas a contarem suas histórias sobre o tema, Débora preparou uma base ampla para a elaboração do espetáculo.

“Quero entender o feminino. Foi um ano e meio de pesquisa para o espetáculo, inclusive com contato com mulheres em um presídio. Conversei com muita gente, mais de 50 mulheres me mandaram mensagens pelo Instagram, com depoimentos muito fortes”, conta.

Feita de maneira independente, sem apoio de leis de incentivo, a peça é um convite à reflexão sobre as complexidades da mente humana e a sociedade que muitas vezes tenta enquadrá-la em padrões rígidos. “A Ira do Afeto” nos faz questionar, rir e chorar enquanto nos confrontamos com essas questões profundas.

Oficina

No dia seguinte à apresentação da peça, Débora comanda a oficina “Pontos de Vista do Humor: Do que se ri?”, na qual propõe discussões teóricas e exercícios práticos baseados na técnica de palhaçaria.

A atividade será no Espaço Corpo e Arte do Sesc São José, e tem o objetivo de criar um ambiente seguro e acolhedor para explorar, em grupo, como transformar vulnerabilidades em potencial cênico, gerando riso de forma consciente e responsável.

“Ao abordar questões sociais com sensibilidade e humor, a ideia é fomentar uma reflexão crítica e criativa sobre o papel do humor na sociedade”, afirma.

Carreira

Débora Veneziani é atriz pela Escola de Arte Dramática (USP), bailarina, coreógrafa e preparadora corporal. Estudou dança em Nova York, Barcelona e Dakar (Senegal), e fez participações em projetos audiovisuais como “As Aventuras de José e Durval”, “DNA do Crime”, “Irmandade”, “Rua Augusta”, “Psi”, “O Negócio” e o longa “Uma Noite não é Nada”, contracenando com Paulo Betty.

Atuou em mais de 20 peças teatrais, ao lado de nomes como Renato Borghi, Eva Wilma, Genésio de Barros, Nelson Baskerville, Guilherme Weber e Celso Frateschi. Em 2023, mesmo ano em que estreou “A Ira do Afeto”, esteve em cartaz também com a peça “Samba da Pauliceia e sua Gente”, com a Cia Coisas Nossas de Teatro, da qual faz parte desde de 2016. Antes, saiu em turnê pelo Brasil com o espetáculo “Molière”, ao lado de Matheus Nachtergaele.

SERVIÇO:

Espetáculo “A Ira do Afeto”

Quando: 24 de maio, às 20h

Onde: Auditório do Sesc São José dos Campos

Ingressos: R$ 12 (credencial plena), R$ 20 (meia) e R$ 40 (inteira)

Oficina “Pontos de Vista do Humor – Do que se ri?”

Quando: 25 de maio, das 13h às 18h30

Onde: Espaço Corpo e Arte

Ingressos gratuitos (senhas no local, com 30 minutos de antecedência)

Sesc São José dos Campos (Av. Adhemar de Barros, 999, Jardim São Dimas)

www.sescsp.org.br/unidades/sao-jose-dos-campos

Ficha Técnica

Elenco e idealização: Débora Veneziani

Direção: Rafaela Azevedo

Dramaturgia: Rafaela Azevedo e Carla Zanini

Textos: Débora Veneziani

Assistência de Direção: Carla Zanini

Trilha Sonora: Dani Nega

Desenho de Luz: Nara Zocher

Operação de Luz: Joana Langeani

Figurino: Débora Veneziani

Costura: Silvana Carvalho

Adereços da Santa: Marisa Bezerra

Adereço de Cabeça: Sou Libertina

Fotos: Mariana Ayumi

Arte Gráfica: Angela Ribeiro

Produção: Débora Veneziani

Assistência de Produção: Marina Merlino

Apoio: Teatro de Contêiner

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