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Menopausa e fígado: estudo revela risco silencioso de doenças hepáticas

Publicado em 12 de setembro de 2025

 

 

 

 

Pesquisa publicada na Endocrine Reviews em junho de 2025 reforça o papel do estrogênio como protetor hepático e mostra como a queda hormonal da menopausa acelera o risco de gordura no fígado, inflamação, fibrose e até cirrose

A menopausa marca uma transição profunda na vida da mulher e não apenas no aspecto reprodutivo. Estudo recente publicado em junho deste ano na Endocrine Reviews, uma das revistas científicas mais respeitadas do mundo, aponta que o fígado é um dos órgãos mais afetados pela queda do estrogênio nessa fase da vida. O impacto, muitas vezes silencioso, pode evoluir para quadros graves, como fibrose hepática, cirrose e até necessidade de transplante de fígado.

“Durante a fase fértil, o estrogênio principalmente o estradiol atua como um verdadeiro escudo para o fígado, controlando o metabolismo da gordura, reduzindo inflamações e mantendo o equilíbrio das funções hepáticas”, explica a Dra. Patrícia Almeida, Hepatologista pela Sociedade Brasileira de Hepatologia e doutora pela USP. “Mas, esse equilíbrio começa a ruir até sete anos antes da última menstruação, durante a perimenopausa.”

O estudo aponta que, com a queda hormonal, há aumento da gordura abdominal, elevação do colesterol ruim (LDL), resistência à insulina e inflamação crônica. Esses fatores, juntos, tornam o fígado da mulher mais vulnerável a desenvolver esteatose hepática (gordura no fígado) e suas formas mais graves, como a fibrose.

A prevalência da doença hepática associada à disfunção metabólica (MASLD, antiga esteatose hepática não alcoólica) sobe de forma expressiva após os 50 anos e hoje já é a principal causa de transplante de fígado em mulheres nos Estados Unidos.

“A menopausa é um divisor de águas metabólico. E, nesse cenário, o fígado paga um preço altíssimo se nada for feito. Por isso, é fundamental que médicos e pacientes estejam atentos à chamada ‘janela de oportunidade’: os anos que antecedem e seguem a menopausa são estratégicos para mudar esse destino”, alerta a especialista.

A Dra. Patrícia reforça que cuidar do fígado não é apenas evitar o álcool ou controlar o peso: “É entender que o desequilíbrio hormonal muda a forma como o fígado trabalha. A mulher pode estar magra e ainda assim desenvolver gordura ou inflamação hepática. Por isso, o acompanhamento médico e os exames periódicos são indispensáveis.”

Além dos riscos hepáticos, o estudo também destaca que a queda do estrogênio promove alterações na microbiota intestinal, piora a sensibilidade à insulina, aumenta o acúmulo de gordura visceral e leva à perda de massa muscular todos fatores que contribuem para a sobrecarga do fígado.

Dra. Patrícia Almeida

CRM SP 159821

Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Ceará (2010)
Residência Médica em Clínica Médica no Hospital Geral Dr César Cals em Fortaleza-CE- (2011-12)
Residência em Gastroenterologia no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo-(USP RP) (2013/15)
Aprimoramento em Hepatologia no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP RP)- (2016)
Aprimoramento em Transplante de fígado no Hospital das clínicas da Universidade de São Paulo (USP RP) (2017)
Observership no Jackson Memorial Hospital em Miami/EUA 2017
Doutorado em Hepatologia no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo
Título de Especialista em Gastroenterologia pela FBG Título em Hepatologia pela SBH
Hepatologista do Hospital Israelita Albert Einstein

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