A geração Z e o culto à estética digital: filtros, redes sociais e a pressão para cirurgias
Publicado em 22 de setembro de 2025
A Geração Z, formada por jovens nascidos entre meados da década de 1990 e o início de 2010, cresce em um ambiente digital completamente conectado. Redes sociais como Instagram, TikTok e Snapchat não são apenas ferramentas de comunicação, mas também vitrines de imagem e padrões estéticos. Para muitos jovens, os filtros e a constante exposição virtual geram uma pressão significativa para corresponder a padrões de beleza muitas vezes irreais.
Segundo o cirurgião plástico Dr. Hugo Sabath, da Clínica Líbria, essa realidade influencia diretamente a procura por procedimentos estéticos entre adolescentes e jovens adultos.
“Estamos percebendo um aumento da demanda de pacientes da Geração Z que chegam ao consultório com expectativas moldadas por imagens filtradas. Muitos querem alterar o que veem na tela, sem considerar limitações naturais do corpo ou riscos das intervenções”, explica Dr. Sabath.
O impacto dos filtros e das redes sociais
Ferramentas de edição de imagem e filtros podem criar uma percepção distorcida da própria aparência. Dr. Sabath alerta que isso pode gerar insatisfação corporal precoce:
“Quando o jovem passa a se comparar constantemente com versões editadas de si mesmo ou de outras pessoas, aumenta o risco de transtornos de imagem, ansiedade e até depressão. A cirurgia plástica, nesse contexto, não deve ser vista como solução imediata para problemas emocionais ou de autoestima.”
O especialista também explica que, enquanto a tecnologia digital aumenta a pressão estética, os pais e responsáveis precisam estar atentos:
“É fundamental conversar com adolescentes sobre padrões reais de beleza e sobre os riscos de procedimentos antes da idade adequada. Procedimentos invasivos em pacientes muito jovens só devem ser realizados em situações específicas e sempre com indicação médica clara.”
Tendências e demandas
Dados da Clínica Líbria indicam que, nos últimos dois anos, houve um aumento significativo na procura de pacientes com menos de 25 anos por procedimentos minimamente invasivos, como preenchimentos faciais, harmonização facial e pequenas correções estéticas.
“Esses procedimentos são geralmente seguros quando bem indicados, mas a avaliação do histórico médico e da motivação emocional do paciente é essencial. A prioridade deve ser a saúde física e psicológica, não apenas atender a uma estética virtual”, reforça Dr. Sabath.
Dicas do especialista para jovens e familiares
1. Autoconhecimento em primeiro lugar: antes de qualquer procedimento, o jovem deve compreender suas motivações e expectativas.
2. Atenção à idade adequada: procedimentos invasivos não são recomendados para adolescentes sem avaliação criteriosa.
3. Diálogo com profissionais qualificados: consultar médicos especializados e com registro na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
4. Apoio emocional: psicólogos e terapeutas podem ajudar a lidar com ansiedade e pressão social.
5. Educação sobre padrões reais de beleza: redes sociais mostram apenas versões editadas da realidade.
Conclusão
Para o Dr. Hugo Sabath, a cirurgia plástica pode ser uma ferramenta positiva quando utilizada de forma consciente e segura, mas não é uma solução para questões emocionais ou psicológicas geradas pelas redes sociais.
“É crucial educar a Geração Z sobre limites do corpo e riscos de procedimentos estéticos. A beleza digital não deve ditar decisões médicas. Nosso papel é orientar, proteger a saúde e promover autoestima de forma saudável e realista”, finaliza o especialista.


