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“ELE JÁ DIZIA PALAVRAS, AGORA NÃO FALA MAIS”: O QUE OS PAIS PRECISAM SABER SOBRE REGRESSÃO NO DESENVOLVIMENTO

Publicado em 9 de agosto de 2025

 

 

Especialista em desenvolvimento infantil explica por que a perda de habilidades na infância nunca deve ser ignorada, e quando buscar ajuda especializada.

“Ele já falava ‘mamãe’ e ‘papai’, imitava sons, cantarolava músicas. Agora, mal responde quando o chamo.” Situações como essa, descritas com apreensão por muitos pais, acendem um sinal de alerta que nem sempre é compreendido de imediato: quando uma criança perde habilidades que já havia conquistado, como a fala ou o interesse por interações sociais, é hora de investigar.

O desenvolvimento da linguagem costuma ser uma das maiores expectativas das famílias com crianças pequenas e também uma das primeiras áreas a gerar angústia quando algo foge do esperado. Afinal, será que é só uma fase? Um retrocesso momentâneo? Ou um indício de algo mais sério?

Para o neurocirurgião Dr. André Ceballos, especialista em desenvolvimento infantil, a perda de funções já adquiridas nunca é um comportamento típico. “Regredir é diferente de demorar. Quando uma criança deixa de falar, interagir e brincar como fazia antes, isso precisa ser investigado. Pode estar ligado a questões neurológicas, emocionais, auditivas ou até ser o primeiro sinal de autismo”, explica.

 

Regressão não é atraso: entenda a diferença

Nem toda criança que demora para falar está em risco. O atraso acontece quando o ritmo do desenvolvimento é mais lento, mas a criança segue evoluindo. Já a regressão é uma perda, uma reversão do que já tinha sido conquistado.

“O que preocupa é quando a criança que já dizia palavras começa a silenciar, quando ela que apontava para mostrar algo passa a ignorar o que está ao redor, ou quando evita o olhar dos pais. Isso não é uma fase passageira, é um sinal claro de que algo mudou no cérebro dela”, afirma o Dr. André.

É comum que o comportamento das crianças oscile em momentos de mudança, como o nascimento de um irmão ou a entrada na escola. Mas essas variações tendem a ser temporárias e não envolvem a perda de habilidades já estabelecidas. “Quando a perda é persistente, nunca deve ser ignorada ou justificada como ‘fase’. É necessário buscar avaliação para entender o que está acontecendo”, alerta o especialista.

 

Quando se preocupar e buscar ajuda?

Ceballos reforça a importância de observar sinais claros, como a perda de palavras usadas com frequência, a diminuição do contato visual, a ausência de tentativas de comunicação não verbal, como apontar ou gesticular, e o desinteresse por outras crianças ou brincadeiras que antes davam prazer. “Se você percebeu que seu filho parou de fazer algo que antes fazia com naturalidade e, principalmente, se essa mudança persistir por mais de duas semanas, procure um profissional. Não espere para ver se ‘passa sozinho'”, orienta o especialista.

O primeiro passo é agendar uma avaliação com um pediatra ou neuropediatra. Esses profissionais podem encaminhar para fonoaudiólogos, psicólogos ou terapeutas ocupacionais, dependendo da necessidade. Quanto mais cedo a criança receber acompanhamento, melhores serão os resultados.

“O cérebro infantil é altamente adaptável. Com o suporte correto, muitas crianças conseguem não só recuperar o que perderam, mas avançar além do que já haviam conquistado”, conclui o Dr. André.

Conheça o Dr. André Ceballos: Médico neurocirurgião, Ceballos atua como Diretor técnico do Hospital São Francisco, referência no diagnóstico e tratamento de crianças com transtornos do desenvolvimento. O médico tem como missão identificar precocemente condições que possam comprometer o pleno desenvolvimento das crianças, oferecendo intervenções terapêuticas baseadas nas melhores evidências científicas. A atuação do Dr. Ceballos vai além do atendimento clínico e da gestão hospitalar e reconhecendo a importância da informação e da educação para a saúde pública, se dedica a projetos de divulgação e conscientização sobre os marcos do desenvolvimento infantil, com o objetivo de influenciar políticas públicas que beneficiem especialmente as populações mais vulneráveis.

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