Maíra Cardi afirma que a alta produção de leite vem de beber 3 litros de água por dia. Isso é real? Especialista em amamentação explica.
Publicado em 4 de novembro de 2025
A fala da influenciadora sobre amamentação nas redes sociais gerou dúvidas. A fisioterapeuta Dra. Alessandra Paula, especialista em pós-parto e aleitamento humano, esclarece que o processo de produção de leite vai muito além da ingestão de água e do “equilíbrio emocional”
No final de semana, Maíra Cardi afirmou em seu instagram que sua alta produção de leite se deve ao consumo de cerca de três litros de água por dia. A influenciadora, que já passou por cirurgia plástica nas mamas antes da gestação, disse que mesmo após ter “cortado os ductos” durante o procedimento, consegue produzir leite “em abundância” por estar leve, tranquila emocionalmente e por beber 3 litros de água diariamente.
“Eu coloquei 400 ml de silicone e diminuí a aréola, cortei mais da metade. Tirei todos os dutos, então eu tinha certeza de que não ia dar. Fui para a maternidade e mandei fazer a fórmula da bebê. Ainda assim, quis tentar. Se desse, deu. Se não, tudo bem. Acho que esse meu desencanar ajudou muito. O que eu faço é tomar muita água pelo menos 3 litros por dia, porque o que faz leite é água”, disse Maíra em vídeo publicado nas redes sociais.
Para Dra. Alessandra Paula, fisioterapeuta, especialista em pós-parto e aleitamento humano e idealizadora da Clínica CRIA, reduzir a amamentação a uma questão de hidratação é perigoso e pode causar frustração em mães que enfrentam dificuldades reais.
“Baixa produção de leite não é algo que se resolve bebendo três litros de água e ficando zen”, explica. “A hidratação é importante, claro, uma mãe desidratada pode ter prejuízo na produção, mas dizer que ‘água faz leite’ é simplificar demais um processo que é hormonal, mecânico e emocional.”
A Dra. Alessandra esclarece que a produção de leite depende principalmente de estímulo, ou seja, do esvaziamento frequente das mamas, da pega correta, do descanso e do equilíbrio hormonal.
“O corpo entende que precisa produzir mais leite a partir do estímulo da mamada. É a sucção do bebê que manda o sinal para o cérebro liberar hormônios e produzir mais leite. A água ajuda o corpo a funcionar bem, mas não é o que determina a quantidade de leite”, explica.
Outro ponto levantado pela especialista é o impacto de cirurgias mamárias sobre a amamentação. “Mamoplastia redutora e mastopexia são fatores de risco para a amamentação porque podem remover tecido glandular, cortar ductos e afetar nervos ligados ao reflexo de ejeção do leite. Quando uma mulher amamenta após uma cirurgia, significa que a técnica preservou essas estruturas e não que o emocional reconstruiu o que foi retirado.”
A Dra. Alessandra alerta: “Nem toda cirurgia impede a amamentação, mas casos assim exigem acompanhamento profissional”, reforça. Ela lembra ainda que relatos pessoais, mesmo bem-intencionados, não substituem a orientação técnica.
“Influenciadores têm direito de compartilhar suas experiências, mas é importante lembrar que experiência individual não é evidência científica. Quando uma mãe não consegue amamentar exclusivamente depois de uma cirurgia, o nome disso não é falta de vontade é consequência anatômica e fisiológica.”
Para a especialista, o aleitamento deve ser tratado como um processo complexo e individual. “Produção de leite é resultado de um corpo que responde, um bebê que mama bem e uma mãe que recebe suporte adequado”, conclui a Dra. Alessandra Paula.
Alessandra Paula Santos Fisioterapeuta
CREFITO 392075-F
Fisioterapeuta formada pela Universidade de Santo Amaro
Especialista em Amamentação pelo Hospital Albert Einstein
Especialista em aleitamento humano e seus obstáculos pela escola Bianca Balassiano Cursos extras em aleitamento materno nível avançado: Cirurgias mamárias, Hiperlactação, Desmame, Uso de Fitoterápicos, Síndrome de Down, Fissura Palatina. Pelo Instituto Mame Bem.
Especialista em Fotobiomulação (laser e led).
Terapias combinadas/Eletrotermoterapia (ultrassom e correntes elétricas) para manejo de dor e regeneração celular em pós-operatório.
Especialista em Taping pós-parto e recuperação cirúrgica.
Criadora do método Descomplicando a Amamentação, com mais de 500 alunos.
Fundadora da Clínica Cria, única clínica do país dedicada ao aleitamento humano e cuidados com recém-nascidos.


