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Reforma Tributária 2026: um desafio para evitar rupturas financeiras nas empresas brasileiras

Publicado em 18 de novembro de 2025

 

 

 

 

 

                                                         Welinton dos Santos – Conselheiro do CORECON-SP

A partir de 2026, o Brasil entrará numa nova etapa do seu sistema tributário com a implementação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que unificará tributos tradicionais como ICMS, ISS, PIS e Cofins. A simplificação e maior transparência prometidas pela reforma são avanços necessários para a competitividade do país, numa
agenda que vem sendo adiada há anos.
Entretanto, a transformação que se avizinha impõe desafios profundos para o setor produtivo, especialmente para micro, pequenas e médias empresas e os setores de serviços, mais vulneráveis à transição. A nova lógica de “pagamento dividido” (splitpayment) — com imposto retido automaticamente na venda — altera profundamente a
formação do preço e o fluxo financeiro das empresas, reduzindo a flexibilidade para absorver ou repassar custos tributários.

Além disso, embora o sistema não cumulativo de créditos tributários ofereça ganhos potenciais, sua apuração exigirá governança fiscal e financeira mais rigorosa do que a praticada atualmente. Muitas empresas poderão se ver diante de custos operacionais elevados sem conseguir repasse completo ao consumidor final, pressionando o caixa e a continuidade das operações.

Bruno Mota Lopes – Economista – CORECON-BA

O cronograma oficial prevê que o IBS e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) — o tributo federal complementar — comecem sua vigência em 2026 no modo transição, com implementação completa até cerca de 2032–2033. Em 2026, por exemplo, empresas deverão destacar os valores na nota fiscal (0,9% para a CBS e 0,1% para o IBS como teste) antes da cobrança plena. Outro ponto: a alíquota referencial máxima combinada
estimada foi fixada em até 26,5% para ambos os tributos, com avaliação revisional em 2031 para evitar aumento excessivo da carga tributária.

O real risco, portanto, é a ruptura financeira por falhas na revisão das estratégias de precificação e no planejamento do fluxo de caixa diante das novas regras. Essa ruptura poderá significar desde a perda de competitividade até a paralisação temporária ou definitiva da atividade produtiva.
É imprescindível, assim, que o empresariado brasileiro encare essa reforma não só sob o prisma legal ou fiscal, mas principalmente como uma questão estratégica. A preparação passa por:

• simulações antecipadas com a nova alíquota e regime de créditos;
• investimentos em digitalização, sistemas de ERP/nota fiscal eletrônica
compatíveis;
• governança tributária e fiscal robusta, com controles internos;
• revisão rigorosa de custos, margens e políticas comerciais para absorção ou
repasse de mudanças.

Aos que aceitarem o desafio, a reforma poderá representar uma oportunidade para incrementar a eficiência, reduzir burocracias e fortalecer a competitividade. Aos que a tratarem com descaso ou lentidão, o futuro reserva perdas e rupturas.
A reforma tributária de 2026 é um marco para o Brasil. O sucesso do país e das empresas depende da capacidade de adaptação rápida, planejamento estratégico e uso inteligente das novas regras. Não há lugar para amadores: será tempo de profissionalismo e preparo!

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