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São Paulo ganha biblioteca para população em situação de rua Com um acervo de oito mil livros oriundos de doação, a Biblioteca Wilma Lancellotti terá como madrinha a acadêmica Lilia Schwarcz

Publicado em 1 de agosto de 2025

 

 

 

A biblioteca receberá o nome de Wilma Lancellotti em homenagem à mãe do sacerdote.

No próximo dia 1º de agosto, às 9h, São Paulo inaugura uma biblioteca comunitária dedicada à população em situação de rua. O espaço funcionará no Centro Santa Dulce dos Pobres, localizado na Rua Sapucaia, 36, no bairro da Mooca, zona leste da capital. A iniciativa é liderada pelo padre Júlio Lancellotti, 76 anos, conhecido por seu incansável trabalho junto às pessoas em situação de vulnerabilidade.

A biblioteca receberá o nome de Wilma Lancellotti, em homenagem à mãe do sacerdote, falecida em 2010. O espaço contará com um acervo de oito mil livros doados, sendo quatro mil em reserva técnica, todos catalogados por seis bibliotecárias voluntárias. O espaço também contará com o moderno sistema Sophia Biblioteca, utilizado pela Biblioteca Nacional para organização e gestão de acervos.

De acordo com o padre Júlio Lancellotti, a biblioteca será aberta não apenas à população em situação de rua, mas também a todas as pessoas que desejarem usufruir do espaço. Além do acervo de livros, o local oferecerá acesso a computadores, serviços para emissão de documentos e apoio na busca por emprego.

Madrinha Lilia Schwarcz

A acadêmica Lilia Schwarcz, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), será a madrinha da Biblioteca Wilma Lancellotti. Professora sênior do Departamento de Antropologia da USP e também professora visitante em Princeton, Lilia é referência nacional e internacional com mais de 30 livros publicados e traduzidos.

Inauguração oficial

A cerimônia de inauguração contará com a presença do Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, além de representantes da comunidade, bibliotecárias voluntárias e autoridades do setor cultural.

História de transformação

Histórias reais: A bibliotecária Ursulina encontra a escritora Luciene Muller, que viveu em situação de rua. Foto: Osmar Müller

Há histórias comoventes que revelam o poder transformador das bibliotecas. Em 2023, veio à tona um exemplo marcante: a bibliotecária aposentada Ursulina Teodora (in memoriam), que atuou na Biblioteca Municipal Álvares de Azevedo, na Vila Maria, em São Paulo, acolheu uma menina em situação de rua, que viveu nas ruas dos 4 aos 11 anos, devido a negligência da família e do Estado.

Com dedicação e afeto, Ursulina a ensinou a ler e a descobrir o amor pelos livros. Anos depois, aquela menina se tornaria a escritora Luciene Muller, autora da obra “Colo Invisível”, em que narra sua trajetória de vida e o papel essencial que a biblioteca e a bibliotecária tiveram em sua vida. Pelo impacto de sua atuação, Ursulina foi homenageada, em 2023, com o XIV Prêmio Biblioteconomia Paulista Laura Russo, o mais importante reconhecimento do setor.

“Essa iniciativa do padre Júlio é uma ação fundamental, Literatura é um direito de todos. Bibliotecas com bibliotecários vocacionados são equipamentos que salvam muitas vidas e as transformam para melhor”, declarou a escritora Luciene Muller.

Serviço:

Inauguração da Biblioteca comunitária Wilma Lancellotti para pessoas em situação de rua

Data: 1º de agosto de 2025

Horário: 9h

Centro Santa Dulce dos Pobres

Rua Sapucaia, 36, bairro da Mooca, São Paulo

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