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Como colocar um fim no ciclo vicioso entre estresse e enxaqueca?

Publicado em 24 de maio de 2022

 

 

Crises constantes de enxaqueca também causam estresse, que é um dos principais gatilhos da dor de cabeça. Cirurgia e exame genético despontam como dois dos principais tratamentos para controlar a dor
Enxaqueca

 O estresse causa enxaqueca – e dependendo da crise de dor, a enxaqueca causa estresse. Esse é um ciclo que pode não ter fim. A enxaqueca é reconhecida por crises de dor de cabeça que podem durar até 72 horas, aparecer mais de 15 dias por mês e apresentar sintomas como dor intensa e pulsátil em um ou nos dois lados da cabeça, náuseas, vômitos e sensibilidade à luz e ao som. Segundo estimativas, a doença crônica Migrânea, conhecida popularmente como Enxaqueca, afeta cerca de 15% da população brasileira, sendo que a faixa etária dos 20 aos 45 anos é a mais acometida. “Muitas pessoas que já possuem algum tipo de predisposição podem sofrer com crises de enxaqueca maiores em períodos de estresse. Isso porque nosso comportamento, emoções e estado mental influenciam fortemente no aparecimento do problema, já que, durante essas situações de alteração do humor, ocorrem mudanças na liberação das substâncias que o cérebro utiliza para minimizar a dor. Além disso, esse ciclo pode tornar-se vicioso, no qual a própria enxaqueca alimenta o estresse – o que pode fazer com que os sintomas perdurem. Para esses casos, é recomendada a cirurgia da enxaqueca”, explica o Dr. Paolo Rubez, cirurgião plástico, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Migraine Surgery Society. “Pacientes com dores de cabeça crônicas sofrem de dores debilitantes, que frequentemente levam ao uso de vários medicamentos. A cirurgia surgiu como um tratamento eficaz para pacientes com cefaléia refratária. Um estudo de Harvard, publicado ano passado, comparou o uso de medicamentos no pré e pós-operatório de pacientes submetidos ao procedimento e constatou que mais de 2/3 deles diminuíram o uso de medicamentos prescritos, sendo que do total de pacientes que passaram pelo procedimento, 23% não precisaram mais tomar medicamento algum”, acrescenta o médico, que é um dos poucos no Brasil a realizar o procedimento respaldado cientificamente por diversos estudos internacionais.

O ponto principal da enxaqueca é o fato de ser um problema crônico, ou seja, vai e volta com frequência. “Enxaqueca é um transtorno neurológico multifatorial e poligênico associado a fatores ambientais, genéticos, hormonais e, também, alimentares”, afirma. “O controle do estresse é uma forma de diminuir as crises, mas alguns pacientes não conseguem ter esse controle justamente porque há vários gatilhos para a dor de cabeça crônica”, diz o Dr. Paolo.

O médico destaca que a realização de uma cirurgia pode, muitas vezes, colocar um fim definitivo às fortes crises de enxaqueca. “A Cirurgia de Enxaqueca vem sendo realizada por diversos grupos de cirurgiões plásticos ao redor do mundo e em mais de uma dezena das principais universidades americanas, como Harvard. Os resultados positivos e semelhantes das publicações dos diferentes grupos comprovam a eficácia e a reprodutibilidade do tratamento”, afirma o Dr. Paolo Rubez. De acordo com o médico, o procedimento é pouco invasivo e visa descomprimir e liberar os ramos periféricos dos nervos trigêmeo e occipital, que podem sofrer compressões das estruturas ao seu redor, como músculos e vasos sanguíneos, gerando a liberação de substâncias que desencadeiam a inflamação dos nervos e membranas ao redor do cérebro e, consequentemente, favorecem o aparecimento dos sintomas da enxaqueca, como dor intensa, náuseas, vômitos, sensibilidade à luz a ao som. “Ao todo, são sete tipos de cirurgias de enxaqueca, pois para cada um dos tipos de dor existe um acesso diferente para tratar os ramos dos nervos, sendo todos nas áreas superficiais da face ou couro cabeludo, ou ainda na cavidade nasal. Mas em todos estes tipos o princípio é o mesmo: descomprimir e liberar os ramos do nervo trigêmeo ou occipital, que são irritados pelas estruturas adjacentes ao longo de seu trajeto”, afirma o cirurgião.

A cirurgia para enxaqueca pode ser feita em qualquer paciente que tenha diagnóstico de Migrânea (Enxaqueca) feito por um neurologista e que sofra com duas ou mais crises severas de dor por mês que não consigam ser controladas por medicações. Além disso, pacientes que sofrem com efeitos colaterais das medicações para dor, que tenham intolerância a estas medicações ou ainda que têm sua vida pessoal e profissional comprometida devido às dores também podem passar pelo procedimento. “As cirurgias são realizadas em ambiente hospitalar e sob anestesia geral ou, em alguns casos, sob anestesia local, durando cerca de uma a duas horas para cada nervo. E o melhor é que o paciente tem alta no mesmo dia, podendo voltar para casa”, diz o Dr. Paolo Rubez.

No caso do exame genético, ele surge como uma maneira de prevenir alguns gatilhos para o problema. De acordo com a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, professora e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), alguns dos fortes sintomas da enxaqueca podem ser amenizados com uma alimentação equilibrada, principalmente com a inclusão de castanha-do-pará, atum, canela, vegetais verde escuros e grão de bico, que podem ajudar a diminuir as crises de enxaqueca. “Alimentos ricos em selênio e magnésio são importantes para diminuir o estresse, enquanto anti-histamínicos (presentes na canela e gengibre) inibem a produção de prostaglandina, responsável pela sensação de dor”, afirma a médica. “Evitar fast-foods, frituras e alimentos gordurosos, que têm perfil mais inflamatório e liberam prostaglandina, também é fundamental, assim como diminuir o consumo de cafeinados, substâncias que alteram a circulação sanguínea e de bebidas alcoólicas, ligadas à vasodilatação”, finaliza a médica.

FONTES:

*DR. PAOLO RUBEZ: Cirurgião plástico formado pela UNIFESP, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS), Dr. Paolo Rubez é Mestre em Cirurgia Plástica pela Escola Paulista de Medicina da UNIFESP. O médico tem 7 Observerships com o Dr. Bahman Guyuron em Cirurgias Plásticas Faciais, em Cleveland – EUA.. Instagram: @drpaolorubez

*DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo. Além disso, é membro da Sociedade Brasileira de Medicina Estética e da Sociedade Brasileira para o Estudo do Envelhecimento. Instagram: @dra.marcellagarcez

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